quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser...
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Quero ser PIPOCA!
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Do ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais.
A transformação do milho duro em pipoca macia é simbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo... O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
Pipoca que se recusa a estourar chama-se PIRUÁ.
Em Mina Gerais "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram se casar. Minha prima, passada dos 40, lamentava: "Fiquei piruá". Mas acho que o poder metafórico dos piruás é muito maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar... A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria a ninguém.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...
Livro: As melhores crônicas de Rubem Alves
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Desaprender
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Sobre nós, nossa substância... Velas e Lâmpadas
O natal está chegando... Valho-me das minhas velas para exorcizar a loucura. Por um ano inteiro eu as deixei esquecidas no escuro de um armário. Um sopro meu as fizera adormecer. E assim ficaram, como a Bela Adormecida, à espera da chama que as faria acordar. Parecem mortas. Mas sei que o toque do fogo as fará viver de novo. Como são humanas! Parecem-se conosco. Também os nossos corpos endurecidos podem arder de novo. Para isto basta que sejam tocadas pela magia do fogo!
Seria possível, por acaso, amar uma lâmpada? Que emoções mansas podem nascer de sua luz forte e indiferente? Quem as chamaria de minha lâmpada? todas as lâmpadas são iguais. Ao morrerem queimadas, nenhuma tristeza provocam. Só o incômodo de terem de ser trocadas por outras.
A vela é diferente... Sua chama modesta, modulada por indecisões e tremores, faz-me voltar sobre mim mesmo. Também sou assim. Minha chama vacila ao ser tocada pelo vento. Por isso posso chamá-la de minha vela. Somos feitos da mesma substância. Temos um destino comum.
Sob a luz do amor que ilumina modesta e pacientemente, o escuro já não assusta tanto.
Livro: As melhores crônicas de Rubem Alves - As velas, pag. 42.
sábado, 19 de dezembro de 2009
Ser feliz ou não: questão de talento
Mais louco é quem de diz que não é feliz
Balada do Louco
Dizem que sou louco
por pensar assim
Se eu sou muito louco
por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
Que não é feliz
Eu sou feliz
Música de: Os Mutantes
Ney Matogrosso
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Gotinhas de Humor - Listinha ao Papai Noel
Prezado Papai Noel,
Este ano não tenho a menor intenção de ser humilde, pensar no próximo, ser caridosa. Segue minha lista:
- Desejo que não haja limite nos cartões de crédito, e que exista um código para que a fatura seja automaticamente zerada.
- Não quero me depilar nunca mais! Ou o senhor faz virar moda as pernas, axilas, buço e virilha cabeludas, ou some de vez com todos os pelinhos indesejados de meu corpo.
- Um chocolate que elimine a celulite e hidrate a pele ao ser ingerido.
- Quero uma manicure e pedicure definitiva, que dure para sempre como se tivesse acabado de fazer.
- Quero roupas que sofram uma metamorfose de acordo com as tendências e as estações, com tecidos auto-limpantes
- Se um homem se atrever a me trair, ou estiver mentindo, que uma luz vermelha se acenda em seu nariz, como aquela sua rena.
- Quero comprimidos que alterem automaticamente cor, comprimento e textura do cabelo, permitindo os mais variados penteados
- E também um robozinho que limpe, lave, passe, cozinhe. Que não falte, não peça aumento e não acabe com o sabão em pó em uma semana.
- Bumbum, peitos e coxas, tudo com botõezinhos que inflem e desinflem segundo a ocasião e minhas intenções.
- Que abdominais sejam coisas que possamos comprar prontas, no supermercado.
PAPAI NOEL, MEU FOFO !!! Espero que não seja muito complicado atender minha listinha.
Com carinho,
Uma mulher como "quase" todas...
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domingo, 13 de dezembro de 2009
Cheiro de amor - Maria Bethânia
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E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar
Eu me dei toda para você
De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
E meio louca de prazer lembro teu corpo no espelho
E vem o cheiro de amor, eu te sinto tão presente...
Volte logo meu amor
Cheiro de Amor
Maria Bethânia
Composição: Duda/ Jota/ Paulo Sérgio Valle/ Ribeiro
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Geração Y
GERAÇÃO X (1965 a 1977) - Nesse período, as condições materiais do planeta permitem pensar em qualidade de vida, liberdade no trabalho e nas relações. Com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação já podem tentar equilibrar vida pessoal e trabalho. Mas, como enfrentaram crises violentas, como a do desemprego na década de 80, também se tornaram céticos e superprotetores.
BABY-BOOMERS (1946 a 1964) - São os filhos do pós-guerra, que romperam padrões e lutaram pela paz. Já não conheceram o mundo destruído e, mais otimistas, puderam pensar em valores pessoais e na boa educação dos filhos. Têm relações de amor e ódio com os superiores, são focados e preferem agir em consenso com os outros.
TRADICIONAIS (até 1945) - É a geração que enfrentou uma grande guerra e passou pela Grande Depressão. Com os países arrasados, precisaram reconstruir o mundo e sobreviver. São práticos, dedicados, gostam de hierarquias rígidas, ficam bastante tempo na mesma empresa e sacrificam-se para alcançar seus objetivos.
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sábado, 5 de dezembro de 2009
Curiosidade Feminal - Os Fiapos
A pessoa que discorda das opiniões ou atitudes de outra, mas não quer se manifestar, tende a fazer deslocamentos gestuais, isto é, usar signos de linguagem corporal aparentemente inocentes que revelam a existência de uma opinião não expressa. Catar fiapos imaginários da própria roupa é um deles. O catador de fiapos geralmente olha para baixo ou para o lado enquanto executa sua ação aparentemente menor e irrelevante, que é em geral um sinal de discordância e insatisfação de estar concordando com tudo.
Desvendando os segredos da linguagem corporal / Allan e Barbara Pease - pag. 213 e 158.
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Caixa Mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra em dias de muito sol,
o amarelo que sobra do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.
esconder na minha caixa?
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domingo, 29 de novembro de 2009
Os evangelhos: do Prazer e da Alegria
Sobre o prazer:
1- O prazer só acontece se o corpo tiver a posse do seu objeto. O prazer do sorvete só existe se houver um sorvete a ser lambido. o prazer do suco de pitanga só existe se houver suco de pitanga para ser bebido. O prazer do beijo só existe se houver a pessoa amada a ser beijada.
2- O prazer se farta logo. Quantos sorvetes sou capaz de tomar antes que ele se transforme de objeto de prazer a causa de sofrimento? quantos copos de suco sou capaz de tomar antes que o corpo diga: "Não agüento mais!"? Quantos beijos se pode dar antes de enjoar? O prazer tem vida curta. O evangelho do prazer reza:
"Bem aventurados os que têm fome porque serão fartos".
Sobre a alegria:
1- A alegria não precisa da posse do objeto desejado para existir. Lembro-me do rosto de um amigo - ele já morreu -, mas esta simples memória me traz alegria. Sentimos alegria lendo uma obra de ficção, um objeto que nunca existiu pode nos dar alegria. Que seres estranhos nós somos, capazez de nos alegramos comendo frutos inexistentes!
2- A alegria nunca se farta. A alegria pede mais alegria. Alegria é fome insaciável. Da alegria nunca se diz: "Estou satisfeito!" "Chega!" O evangelho da alegria é diferente do evangelho do prazer:
"Bem-aventurados os que têm fome porque terão mais fome"
Mas, vez por outra, a alegria e o prazer acontecem juntos. Quando isso acontece o corpo experimenta uma efêmera epifania do Paraíso: o divino se faz carne...
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Texto: Rubem Alves - Livro sem Fim
Imagem: Magritte
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terça-feira, 24 de novembro de 2009
Melhor do que ser boazinha...
Obs: Para minha queridíssima amiga Madá, garota que tem cara de boazinha... E que também não pode ser imitada.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Uma alegria para sempre
Olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo - tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte de tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
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quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Gotinhas de Humor - Ócio Criativo
terça-feira, 17 de novembro de 2009
O Perdão e a Promessa
Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos.
Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma.
Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Classificados Poéticos
Troco um fusca branco
por um cavalo cor de vento
um cavalo mais veloz que o pensamento
Quero que ele me leve pra bem longe
e que galope ao deus-dará
que já me cansei deste engarrafamento...
ACHADOS E PERDIDOS
Perdi maleta cheia de nuvens e de flores,
maleta onde eu carregava
todos os meus amores embrulhados
em neblina.
Perdi essa maleta em alguma esquina
e algum sonho
e desde então eu ando tristonho
sem saber onde pôr as mãos.
Se andando pelas ruas
você encontrar a tal maleta,
por favor, me avise em pensamento
que eu largo tudo e vou correndo...
IMPERDÍVEL!
no topo da mais alta montanha.
Tem dois amplos salões
onde você poderá oferecer banquetes
para os duendes e anões
que moram na floresta ao lado.
Tem jardineiras nas janelas,
onde convém plantar margaridas.
Tem quartos de todas as cores
que aumentam ou diminuem
de acordo com o seu tamanho
e na garagem há vagas
para todos os seus sonhos.
PROCURA-SE
onde a vida seja sempre uma festa
onde o homem não mate
nem bicho nem homem
e deixe em paz
as árvores da floresta.
Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.
Classificados Poéticos, ed. Miguilim/ Ibeppe, 1984
domingo, 8 de novembro de 2009
O Permanente e o Provisório.
O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo? Nem eu.
(...)
Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe - até que o tempo vire.
(...) e não perco a fé por constatar o óbvio:
tudo é provisório, inclusive nós.
Texto: Martha Medeiros
Imagem: Magritte
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Curiosidade literária - Acentos Gramaticais
Os acentos gramaticais foram criados por Aristófanes de Bizâncio, o primeiro bibliotecário da Biblioteca de Alexandria, alguns séculos antes de Cristo. Foi na língua grega que ele introduziu tanto os acentos quanto sinais de pontuação, que posteriormente seriam assimilados pelo latim. Principalmente entre os religiosos, estes artifícios tiveram grande aceitação e foram amplamente empregados, pois permitiram que se estabelecesse entonações específicas nos cantos bíblicos.
Fonte: Guia dos curiosos - Marcelo Duarte
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Os 10 direitos do leitor
Daniel Pennac, escritor Frances, autor do livro “Como um romance”, lança um manifesto contra a obrigação de ler. Acredita que, se houvesse alguma liberdade no ato de ler, mais estudantes desenvolveriam o gosto pela leitura.
Os 10 direitos do leitor são:
1. O direito de não ler.
2. O direito de pular páginas.
3. O direito de não ler um livro inteiro, até o final de capa a capa.
4. O direito de reler , quantas vezes quiser.
5. O direito de ler qualquer coisa, não importa o quê.
6. O direito de acreditar nos livros, a quem sabe até ao bovarismo*, uma doença "textualmente transmissível".
7. O direito de ler em qualquer lugar, não importa onde.
8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali, pulando de livro em livro.
9. O direito de ler em voz alta e de contar histórias.
10. O direito de não falar do que leu.
Bovarismo
s. m. (fr. bovarysme; ing. bovarism). Tendência patológica para se idealizar, para se identificar com uma personagem que se admira ou que se inveja a qualquer título (pela sua fortuna, pela sua importância, pela sua posição social, etc.). Ling.: Segundo Madame Bovary, romance de Gustave Flaubert.
O homem constrói casas porque está vivo, mas escreve livros porque se sabe mortal. Ele vive em grupo porque é gregário, mas lê porque se sabe só. Esta leitura é para ele uma companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma outra companhia saberia substituir... Nossas razões para ler são tão estranhas quanto nossas razões para viver. E a ninguém é dado o poder para pedir contas dessa intimidade.
Daniel Pennac
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sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Quando chegar...
serei uma mulher de verdade
nem Amélia nem ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez
e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Delicadeza
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Cores do Brasil - Lençóis Maranhenses
As águas pluviais formam lagoas que se espalham em praticamente toda a área do parque formando uma paisagem inigualável. Algumas delas, como a Lagoa Azul e Lagoa Bonita são famosas pela beleza e condições de banho.
O único inconveniente é conseguir chegar! Deveríamos ser avisados que, para se chegar as dunas seria necessário chacoalhar por 30 minutos em cima de uma Toyota (que naquele momento mais se assemelhava a um touro mecânico) senti como se estivesse dentro de um liquidificador. E pensar que ainda havia o percurso da volta!!!
sábado, 17 de outubro de 2009
Cativar amigos
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca como se fosse música. E depois olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela
- Bem quisera, mas eu não tenho muito tempo. Disse o principezinho. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Trecho do livro: O Pequeno Príncipe
Cap. XXI – Antoine de Saint-Exupéry
47. ed. – Rio de Janeiro:Agir,1998
Imagem: Ceó do frasesilustradas.com
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Quero apenas cinco coisas...
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Não se economize
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize.
Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade.
Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Luxuria
Dobro os joelhos
Quando você me pega, me amassa, me quebra,
Me usa demais
Perco as rédeas
Quando você demora, devora, implora sempre por mais
Eu sou navalha cortando na carne
Eu sou a boca que a língua invade
Sou o desejo maldito e bendito, profano e covarde
Disfaça assim de mim
Que eu gosto e desgosto, me dobro,
Nem lhe cobro rapaz
Ordene e não peça
Muito me interessa a sua potência, seu calibre e seu gás
Sou o encaixe, o lacre violado
E tantas pernas por todos os lados
Eu sou o preço cobrado e bem pago
Eu sou um pecado capital
Eu quero é derrapar nas curvas do seu corpo
Surpreender seus movimentos
Virar o jogo
Quero beber o que dele escorre pela pele
E nunca mais esfriar minha febre
Música de Isabella Taviani
Imagem: Mike Ruiz
Tem que ser perturbador
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.
Martha Medeiros: trecho de O Divã
Imagem: Mike Ruiz
domingo, 11 de outubro de 2009
Fecha e deixa solto...
- "Onde foi?"
- "Onde estava?"
- "Por que não ligou?"
- "Não me disse que foi... "
- "De quem é esse número?"
- "Liguei e você não me atendeu... "
- "Eu vi que você olhou para ele"
- "Que horas você chegou?"
Quer uma solução? Os apaixonados precisam aprender a lidar como os flanelinhas. Como???
O flanelinha te orienta a estacionar num lugar e diz: FECHA E DEIXA SOLTO!
É simples assim... Esse é o segredo para fazer teu relacionamento durar mais que três semanas.
Fecha (sim, um relacionamento fechado, fiel e bacana), mas deixa solto. Possibilite uma manobra ou encaixe, mas nunca puxe o freio de mão. A saída é flexibilizar!!!
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domingo, 4 de outubro de 2009
Um caso a mais
Enquanto foi só um pensamento meu Deus
Deu só num caso forte a mais.
Enquanto se achava graça ao que se escondeu
E as horas eram mais longas do que a verdade fez
Pra ser só outro caso mais.
Enquanto for só ternura de verão, eu vou
Enquanto a excitação der para um carinho, eu dou.
Traz
Uma leveza
Ah, mas com certeza
Eu dou
Um outro melhor bom dia
Trocamos o vento norte por vento sul
Enquanto demos risadas foi-se o azul
Nem sei qual deles foi azul demais.
Mas não ficará só a sensação de cor
Nem sei o que o coração irá dizer de cor
Se o Inverno for, depois, duro demais
Enquanto for só ternura de Verão, eu vou
Enquanto a excitação der para um carinho, eu dou
Traz
Uma leveza
Ah, mas com certeza
Eu dou
Um outro melhor bom dia
Bom dia, bom dia
Belíssima parceria de Margareth Meneses e Luis Represas.
A música, foi gravada pelo grupo de Luis Represas em Portugal, o Trovante.
Um grande abraço aos amigos Portugueses!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Brasília em cores - Parte III
Há quem te veja nave de aço avião
mas eu te vejo ave de pluma
asas abertas sobre o chão
mas eu recolho em ti a paisagem rural
lá de onde eu vim: fazenda iluminada
nunca sentiu a paz do teu concreto desarmado
Há quem te veja exata fria diurna e burocrática
mas te conheço é gata noturna quente sensual
enigmática
mas eu também te conheço na periferia teu lado pobre
Há quem só te reconheça nos cartões postais
mas eu te vejo inteira Planaltina cercada de Gamas, Guarás e Taguatingas
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Brasília em cores - Parte II
(Alberto Caeiro)
sábado, 26 de setembro de 2009
Brasília em cores - Parte I
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A primeira vez que percebi essa árvore e sua folhas cor-de-rosa, praticamente perdi o fôlego... Voltei no dia seguinte munida de minha câmera, sim, foi amor a primeira vista.
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Até saber o nome do meu amor platônico, minhas companheiras de trabalho palpitaram: É um Ipê... É uma Barriguda... Até que descobri. A sapucaia - Lecythis ollaria ou L. pisonis - (nome de origem Tupi) é uma árvore brasileira da família das lecitidáceas, é também chamada de cabeça de macaco.
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Como resistir a beleza poética das folhas e flores da Sapucaia, e saber que ela ainda dará frutos? (que espero poder registrar)
Não deixe passar esses momentos... Olhe a sua volta, observe as cores que te cercam e agradeça o grande privilégio de poder contemplar as belezas divinas.
Isso tudo não evitará os meus aborrecimentos do dia-a-dia, mas com certeza me dará mais ânimo para enfrentá-los. Quero começar os dias sempre assim, com um sorriso no rosto!
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Eis a minha vida...
Repor no seu lugar as coisas que os homens desarrumaram
Por não perceberem para que serviam
Endireitar, como uma boa dona de casa da realidade,
As cortinas nas janelas da sensação
E os capachos às portas da percepção
Varrer os quartos da observação
E limpar o pó das idéias simples...
Eis a minha vida, verso a verso.
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domingo, 20 de setembro de 2009
Madrigal melancólico
Não é sua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si.
Mas pelo que há nela de fragilidade e incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência
Mas é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como o teu próprio momento,
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
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