Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
Manoel de Barros
Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas.
Eu imaginava que o mundo visto de uma borboleta -
Seria, com certeza, um mundo livre aos poemas.
Daquele ponto de vista:
Vi que as árvores são mais competentes em auroras
do que os homens.
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças
do que pelos homens.
Vi que as águas têm mais qualidades para a paz do
que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas do que
os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda que pude ver do
ponto de vista de uma borboleta.
Ali até o meu fascínio era azul.
Com o tempo você vai percebendo que
para ser feliz com outra pessoa,
você precisa em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquela pessoa que você ama
ou acha que ama, e que não quer nada com você,
definitivamente, não é a pessoa da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e,
principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar,
não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você..!
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo.
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casaCom janelas de aurora e árvores no quintal -Árvores que na primavera fiquem cobertas de floresE ao crepúsculo fiquem cinzentascomo a roupa dos pescadores.
O que desejo é apenas uma casa.Em verdade, Não é necessário que seja azul,nem que tenha cortinas de rendas.Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.Quero apenas uma casa em uma rua sem nome.
Sem nome, porém honrada, Senhor.Só não dispenso a árvore,Porque é a mais bela coisa quenos destes e a menos amarga.Quero de minha janela sentiros ventos pelos caminhos, e ver o solDourando os cabelos negrose os olhos de minha amada.
Também a minha amada não dispenso, meu Senhor.Em verdade ele é a parte mais importante deste poema.Em verdade vos digo, e bastante constrangido,Que sem ela a casa também eu não queria,e voltava pra pensão.
Ao menos, na pensão, eu tenho meus amigosE a dona é sempre uma senhorado interior que tem uma filha alegre.Eu adoro menina alegre,e daí podeis muito bem deduzirQue para elas eu corro nas minhas horas de aflição.
Nas minhas solidões de amor enas minhas solidões do pecadoSempre fujo para elas, quando não fujo delas, de noite,E vou procurar prostitutas. Oh, Senhor vós bem sabeisComo amarga a vida de umhomem o carinho das prostitutas!
Vós sabeis como tudo amarganaquelas vestes amassadasPor tantas mãos truculentas ou tímidas ou cabeludasVós bem sabeis tudo isso, e portanto permitiQue eu continue sonhando com a minha casinha azul.
Permiti que eu sonhe coma minha amada também, porque:- De que me vale ter casa sem termulher amada dentro?Permiti que eu sonhe com uma que ameandar sobre os montes descalçaE quando me vier beijar faça-ocomo se vê nos cinemas...
O ideal seria uma que amasse fazer comparaçõesde nuvens com vestidos, e peixes com avião;Que gostasse de passarinho pequeno,gostasse de escorregar no corrimão da escadaE na sombra das tardes viesse pousarComo a brisa nas varandas abertas...
O ideal seria uma menina boba:que gostasse de ver folha cair de tarde...Que só pensasse coisas leves que nem existem na terra,E ficasse assustada quando ao cair da noiteUm homem lhe dissesse palavras misteriosas ...
O ideal seria uma criança sem dono,que aparecesse como nuvem,Que não tivesse destino nem nome -senão que um sorriso tristeE que nesse sorriso estivessem encerradosToda a timidez e todo o espantodas crianças que não têm rumo...
Em meio ao caos urbano, uma bela surpresa em São Paulo, a Rino Mania.
A exposição reune, no período de 20/09 a 20/10, 60 esculturas de rinocerontes pintadas por artistas, que participaram de uma seleção pública realizada na rede social Facebook. Distribuídas em pontos estratégicos, a intenção é transformar o visual da cidade em uma savana urbana colorida, levando o inusitado da arte e sofisticação para o dia a dia da população.