quarta-feira, 28 de maio de 2014

Alguma coisa em mim



alguma coisa em mim
ainda vai longe

alguma coisa em mim
não vai dar pé

alguma coisa em mim
parece que foi ontem

alguma coisa em mim
quer acontecer

alguma coisa em mim
não é mais minha

alguma coisa em mim
saiu da linha

alguma coisa em mim
não disse a que veio

alguma coisa em mim
acerta em cheio

alguma coisa em mim
não tá na cara

alguma coisa em mim
não tá com nada

alguma coisa em mim
não dá desconto

alguma coisa em mim
eu nem te conto

alguma coisa em mim
não tem mais fim



Alice Ruiz

terça-feira, 27 de maio de 2014

Coisa tua




assim que vi você
logo vi que ia dar coisa
coisa feita pra durar,
batendo duro no peito
até eu acabar virando
alguma coisa
parecida com você

parecia ter saído
de alguma lembrança antiga
que eu nunca tinha vivido,
mas ia viver um dia
alguma coisa perdida
que eu nunca tinha tido
alguma voz amiga
esquecida no meu ouvido

agora não tem mais jeito,
carrego você no peito
poema na camiseta
com a tua assinatura
já nem sei se é você mesmo
ou se sou eu que virei alguma coisa tua


Alice Ruiz

domingo, 25 de maio de 2014

Leve



Leve a semente vai
Onde o vento leva

Gente pesa
Por mais que invente
Só vai onde pisa

Viver ou morrer
É o de menos

A vida inteira
Pode ser
Qualquer momento

Ser feliz ou não
Questão de talento


Alice Ruiz


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Assombros

 
 
 
Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.






Affonso Romano de Sant'Anna
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