quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ama e faz o que quiseres

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Ama e faz o que quiseres.
Se calares, calarás com amor;
se gritares, gritarás com amor;
se corrigires, corrigirás com amor;
se perdoares, perdoarás com amor.
Se tiveres o amor enraizado em ti,
nenhuma coisa senão o amor
serão os teus frutos.



Obs. Estas flores são para você, Maria José. Essa pessoa linda, que com sua força e doçura, a cada dia conquista um pedacinho em meu coração.


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quarta-feira, 29 de abril de 2009

A vida não é um jogo


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A vida não é um jogo onde só quem testa
seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos
vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras,
demita-se. Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade
é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.


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terça-feira, 28 de abril de 2009

Um convite seu...

Um dia, Carlos Eduardo, fez o seguinte...
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E de repente me dou conta,
 de que já estamos há 20 anos assim...
A contemplar a lua e a enxergar sorrisos!



segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sei-te de cor

Sei de cor
cada traço do teu rosto, do teu olhar
cada sombra da tua voz e cada silencio,
cada gesto que tu faças,
meu amor sei-te de cor

sei cada capricho teu e o que não dizes
ou preferes calar, deixa-me adivinhar
nao digas que o louco sou eu
se for tanto melhor
amor sei-te de cor

sei porque becos te escondes,
sei ao pormenor o teu melhor e o pior
sei de ti mais do que queria
numa palavra diria
sei-te de cor.

sei cada capricho teu e o que não dizes
ou preferes calar deixa-me adivinhar
não digas que o louco sou eu
se for tanto melhor
amor sei-te de cor

sei de cor cada traço do teu rosto, do teu olhar
cada sombra da tua voz e cada silencio,
cada gesto que tu faças
meu amor sei-te de cor



Um poema em forma de canção de Paulo Gonzo, cantor Português.

http://www.youtube.com/watch?v=ZxrnEWnzAc0

Musica: Paulo Gonzo - Imagem: Miguel Delgado e Silva

domingo, 26 de abril de 2009

O que sou...

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Sou entre flor e nuvem, estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?

Não encontro caminhos fáceis de andar.
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Minha adolescência


Quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Me falta PACIÊNCIA

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Não por orgulho meu, mas antes
por me faltar o raso de paciência,
acho que sempre desgostei de criaturas
que com pouco ou fácil se contentam.



Imagem: Michal Macku
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terça-feira, 21 de abril de 2009

Raiva ou Rima

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# Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Gotinhas de Humor - Me dá o teu contente...

Quando as crianças falam, rimos precisamente porque elas rompem a teia de lugares comuns em que vivemos. Elas nos surpreendem, nos passam rasteiras, nos questionam. Suas falas estão cheias de honestidade...

Querido Deus,
Eu aposto que é muito difícil para você amar todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro, e eu nunca consigo...

Querido Deus,
Se você olhar para mim na igreja domingo, eu vou te mostrar meus sapatos novos.

***
Filosofando:
Beatriz, em processo de alfabetização, olhou atentamente para as palavras escritas no muro e perguntou à avó:
- Vovó, por que eu nem quero ler, e os meus olhos já leram?

***
Malandrices:
Heloísa, muito brava com Carolina, coloca-a de castigo. Depois de algum tempo a menina de 4 anos pergunta:
- Mãe, quando é que eu vou sair do castigo?
- Ah! Ana Carolina, eu to muito zangada com você! Só quando Deus quiser!!!
Passa mais um tempinho, e a moleca diz com a voz bem grossa:
- Heloiiiisa, aqui é o Deeeeus! Eu queeeero que você tiiira a Carol do castigo.

***
Sexualidade:

Lucas, outro dia, pegando sobre a toalha da mesa um fiapo de pano que tinha uma parte mais grossa, perguntou:
Papai, este espermatozóide é seu???

***
Enquanto a mãe penteava os cabelos da Grá (2 anos), ela observada o Duda fazendo pipi. Depois de algum tempo comentou resignada:
- Mamãe, o Du tem pinto, mas eu tenho fivela, né ??

***
Mamãe, quando você me comprou, eu vim na sacola do supermercado???
(Duda, 3 anos)



# As falas aqui registradas são do livro: Me dá o teu contente que eu te dou o meu.
# Cristina Mattoso - Verus Editora - 2003

Poema Enjoadinho

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Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Poema de Vinícius de Moraes









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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Como dizia o poeta Vinicius de Moraes


Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ter mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai


Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não

Não há mal pior
Do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão
Assista a canção interpretada por Maria Bethania:

http://www.youtube.com/watch?v=bcy8OaOicfY
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terça-feira, 14 de abril de 2009

Renova-te



Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

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domingo, 12 de abril de 2009

O menino que trouxe luz ao mundo da escuridão

Minha emocionada homenagem a Louis Braille (04/01/1809 - 06/01/1852), e às pessoas que utilizam o método de leitura e escrita desenvolvida por ele.

Um dia, cerca de dois séculos atrás, um menino estava na oficina do pai, na cidade de Coupvray, perto de Paris, Louis Braille tinha apenas três anos e gostava de ver o pai fazer selas e arreios. O pai lhe dava tiras de couro para brincar e ele fingia estar fazendo arreios também. Quando crescesse, queria ser igual ao pai.
O Sr. Braille trabalhava com afinco, cortando o couro com mão segura e olhar crítico. Levou uma peça de couro a luz e examinou com atenção para saber que faca usar. Largando a peça, atravessou a oficina para pegar a ferramenta adequada.
O pequeno Louis foi à mesa de trabalho, pegou a sovela e começou a bater numa tira de couro.
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Batia com força, tentando furar o couro duro, e seus dedinhos não tiveram firmeza para segurar a sovela. O instrumento pontiagudo escapou-lhe da mão e atingiu o olho esquerdo.
O Sr. Braille ouviu o grito e correu para o menino, mas era tarde demais, o mal estava feito. Horrorizados, os pais correram ao médico, na esperança de salvar a vista da criança, mas o ferimento era muito grave. A tragédia se completou quando a infecção atingiu o outro olho. Em pouco tempo, o menino não enxergava mais.
Naquele tempo as pessoas tratavam os cegos com negligência ou crueldade. Às vezes eram expulsos pela família e viviam de esmolas. As vezes eram contratados para trabalho pesado, como bestas de carga. Em alguns lugares, a cegueira era vista como obra do demônio ou como castigo divino.
As coisas eram diferentes na cidade de Coupvray, onde todos cuidavam do pequeno Louis. Ao ouvirem a batida da bengalinha, interrompiam o que estavam fazendo para ajuda-lo a atravessar a rua ou virar a esquina. Ajudaram a contar quantos passos levava para ir ao mercado, aos limites da cidade, à escola.
Passeando junto com o pai, Louis perguntava:
- De que cor está o céu hoje?
- Todo azul – dizia o pai – Todo azul.
Mas embora Louis se esforçasse para se lembrar do azul, as imagens da primeira infância gradualmente desapareceram, e ele não se lembrava mais da beleza das cores.
Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia à escola com os amigos e todos se admiravam da facilidade com que aprendia e memorizava as lições. Gostava de conversar com os professores sobre história e geografia, e com o padre sobre as histórias da Bíblia.
Mas na verdade não estava feliz com os estudos, pois queria ler livros e escrever cartas como os colegas.
Um dia o professor falou com Louis sobre uma escola para cegos em Paris. Tinham livros especiais para cegos. Louis mal pôde acreditar. Implorou aos pais que o mandassem para essa escola, e o pároco ajudou a levantar o dinheiro para as despesas.
Assim, quando tinha dez anos Louis viajou com o pai para Paris e se matriculou no Instituto Nacional para Crianças Cegas. Logo ao chegar, levou aos professores a questão que ardia em sua mente.
Soube que a escola experimentava novas maneiras de ensinar aos cegos a ler. O fundador tinha mandado imprimir livros com letras grandes em relevo. Os estudantes cegos sentiam pelo tato as formas das letras e aprendiam as palavras e frases.
Não demorou, porém, que Louis descobrisse as limitações do método. As letras eram tão grandes que uma história curta enchia muitas páginas. Um simples livro chegava a pesar cem quilos! O processo de passar os dedos sobre as letras era demorado, e a leitura tomava muito tempo. E, como a confecção dos livros era muito cara, a escola só pôde imprimir alguns volumes. Em pouco tempo Louis tinha lido toda a biblioteca.
Apesar da decepção com a lerdeza do método, o menino de Coupvray estudava muito. Adorava música, e tornou-se ótimo estudante de piano e violoncelo. Passava as horas livres estudando no órgão da igreja, e tocaria nas cerimônias religiosas.
O amor a música aguçou seu desejo pela leitura. Além das letras, agora queria ler notas musicais. E queria aprender a escrever. Passava noites acordado pensando no problema. “Tem que haver um jeito”, pensava. “Se os cegos podem aprender como todo mundo, devem ser capazes de ler e escrever. Tenho que descobrir um jeito.”
Foi então que ouviu falar de um capitão do exército, chamado Charles Barbier, que havia desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A “escrita noturna” consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel; correndo os dedos sobre os códigos, os soldados podiam ler sem precisar de luz.
Louis viu imediatamente as possibilidades dessa idéia. Se um soldado podia ler e escrever no escuro, os cegos também podiam.
Procurou o capitão Barbier, que demonstrou o sistema com a maior boa vontade. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que tinha tirado a vista de Louis. Virando a folha, mostrou os pequenos relevos dos furinhos no outro lado do papel e explicou como as combinações de pontos e traços formavam palavras e frases.
Louis voltou ao instituto e começou a trabalhar. Noite após noite, mês após mês, trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoamentos. Sabia que a idéia era fundamental, mas o código de traços e pontos precisava ser mais trabalhado para ter real utilidade para os cegos.
Como muitas idéias e invenções, a de Louis foi encarada com suspeita. Os diretores do instituto não aprovaram a tentativa de mudança. Tinham gastado uma pequena fortuna na impressão de livros com letras em relevo e não viam motivo para trocar por um sistema baseado em pontinhos. Argumentavam que uma escrita específica para cegos ia segrega-los ainda mais da sociedade. Não aprovavam os esforços de Louis.
Quando fez dezessete anos, Louis tornou-se professor do instituto. De dia ensinava a ler pelo método das letras grandes, e à noite continuava a aperfeiçoar o novo sistema. Trabalhava longas horas, testando novos padrões, procurando as melhores combinações, e as vezes adormecia sobre os furadores e papéis. À exceção da música, dedicava todas as horas livres à pesquisa, confiante no sucesso.
Em 1829, aos vinte anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. Projetou um furador menor, mais adequado à função e, algum tempo depois era capaz de escrever tão rápido quanto falava. O sistema permitia também ler e escrever música.
A noticia correu, e alguns alunos iam secretamente ao quarto de Louis à noite para aprender o novo método. Louis passou a copiar livros – Shakespeare e outros clássicos -, e logo mais e mais cegos tomavam conhecimento do método. Louis começou a receber cartas de todas as partes do mundo pedindo informações sobre a invenção.
No entanto, infelizmente, muitos não reconheciam a importância do sistema de Braille. Alguns admitiam seu valor, mas não se interessavam. Outros, por inveja, se ressentiam do novo método. Alguns professores do instituto tentaram proibir o ensino dos pontos de Louis Braille.
Mas ele continuava a aprimorar e a divulgar sua invenção, esperando que algum dia os cegos do mundo inteiro aprendessem a ler e escrever como ele. Transcrevia novos livros e ensinava a leitura a quantos se interessassem. Falava sobre o método a quem quisesse ouvir, demonstrava quantas vezes fosse preciso, tentando atrair o interesse do público.
Ao fim de tantos dias e noites de trabalho incessante, sua saúde começou a dar sinais de fraqueza, e ele temia que as chances de os cegos aprenderem a escrever pelo seu método morresse com ele.
Entretanto, a idéia terminou por encontrar aceitação. No fim da vida de Louis, diversas cidades da Europa já reconheciam a importância do método Braille e cada vez maior número de cegos adotava os pontinhos em relevo. Era a luz que despontava. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo:
"Oh, mistério insondável dos corações humanos! Tenho certeza de que minha missão na terra terminou."
Morreu em 1852, dois dias depois de completar 43 anos.
Nos dias seguintes à morte de Braille, o método se espalhou por vários países e finalmente se tornou aceito como método oficial de leitura e escrita para aqueles que não vêem. Assim, os livros puderam fazer parte de sua vida graças a um menino que dedicou sua vida a enriquecer a dos cegos.




BENNETT, William J. O livro das virtudes II: O compasso moral. 13ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (pág. 389 – 393)
"
"

O amor é o amor

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O amor é o amor — e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor
e trocamos — somos um? somos dois?
espírito e calor!

O amor é o amor — e depois?





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sábado, 11 de abril de 2009

Sentimentos diversos

 














Porque se olhares em mim verás...
não sou tão má quanto pensas;
apenas não sou tão corajosa como imaginas...

pareço forte mais no fundo sou fraca
fera porém sou bela
as vezes chata mais no meu íntimo
há sentimentos diversos

pareço metida porém se olhares em meu
semblante com seu coração verás apenas humildade
calma sempre...

posso até parecer solitária ...
é que realmente tenho poucos amigos...



pense nisso
depois me julgue
lembre-se que se me julga pela aparencia...
sou apenas o reflexo de sua ignorancia

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Curiosidade literária - Ao vencedor as batatas

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Sempre tive a curiosidade de saber de onde vem a expressão
"Ao vencedor , as batatas".
Ela é utilizada por um dos personagens mais citados
no mundo machadiano, Quincas Borba.
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Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas."
Livro: Quincas Borba - Machado de Assis#
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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gotinhas de humor - Sabedoria dos camelos


A mamãe camelo e seu filhote estavam por ali, à toa, quando de repente o bebê camelo falou:
-Mamãe, mamãe, posso te perguntar umas coisas?
-Claro! O que está incomodando o meu filhote?
- Por que os camelos têm corcova?
- Bem, meu filhinho, nós somos animais do deserto, precisamos das corcovas para reservar água e por isso mesmo somos conhecidos por sobreviver por um longo período sem água. E o camelinho continuou:

-Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?
-Filho, certamente elas são assim para permitir caminhar no deserto. Sabe, com essas pernas eu posso me movimentar pelo deserto melhor do que qualquer um disse a mãe, toda orgulhosa.
-Certo mamãe! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham minha visão.
-Meu filho! Esses cílios lindos, longos e grossos são como uma capa protetora para os olhos. Eles ajudam na proteção dos seus olhos quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! disse a mãe com orgulho nos olhos.

-Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto, as pernas longas para caminhar através do deserto e os cílios enormes são para proteger meus olhos do deserto. Então mamãe, o que estamos fazendo aqui no Zoológico???

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sonhei ter sonhado...

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Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.

Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.
Um sonho presente
Um dia sonhei.

Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.

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A verdade possível

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A verdade é um labirinto.
Se digo a verdade inteira,
se digo tudo o que penso,
se digo com todas as letras,
com todos os pingos nos is,
seria um deus-nos-acuda,
entraria um sudoeste pela janela da sala.
Então eu digo a verdade possível,
e o resto guardo a sete chaves no meu cofre de silêncios.


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sábado, 4 de abril de 2009

Sonhar um sonho a dois


O Amor... É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois, e nunca desistir
da busca de ser feliz, é para poucos!
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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Gotinhas de Humor - A linda senhorinha

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Uma senhora bem idosa estava no convés de um navio de cruzeiro segurando seu chapéu firmemente com as duas mãos para não ser levado pelo vento. Um cavalheiro se aproxima e diz:
- Me perdoe, senhora...não pretendo incomodar, mas a senhora já notou que o vento está levantando bem alto o seu vestido?
- Já, sim, mas é que eu preciso de ambas as mãos para segurar o chapéu.
- Mas, senhora.... A senhora deve saber que suas partes íntimas estão sendo expostas! - disse o cavalheiro.
A senhora olhou para baixo, depois para cima, e respondeu:
- Cavalheiro, qualquer coisa que o Sr. esteja vendo aqui em baixo tem 85 anos. O chapéu eu comprei ontem!
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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Páscoa - O Menino Jesus por Fernando Pessoa

















Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.

Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.

Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas pelas estradas
Que vão em ranchos pela estradas
com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou —
"Se é que ele as criou, do que duvido" —
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansados de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
e eu levo-o ao colo para casa.
.............................................................................
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?


Alberto Caeiro. In O Guardador de Rebanhos
VIII - Num Meio-Dia de Fim de Primavera

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