segunda-feira, 31 de maio de 2010

Meu Hobby - mergulho autônomo


Tenho um hobby, o mergulho autônomo. Praticamos o esporte em família, eu, meu marido e meu filho. Moro em Brasília-DF, não temos mar, mas temos o lago Paranoá, e excelentes escolas de mergulho.
Mergulhar é uma experiência fantástica, desde que você faça um curso de Open Water Diver (certificação completa em nivel principiante), e tenha uma equipe experiente te acompanhando em cada aventura. Sou certificada pela PADI, e somente com esta qualificação já é possível entrar em um mundo diferente, com total segurança.


Não quero ser exploradora de cavernas, fazer cursos de mergulho técnico. A certificação básica (recreacional) já é o máximo para mim. O que eu quero, é estar perto da natureza, brincar com peixinhos, ver corais, naufrágios, e visitar lugares que a maioria das pessoas infelizmente não terão a oportunidade de conhecer.
Quero compartilhar um pouco da emoção que é estar em mundo de silêncio, calma, mistério, respeito... Pois é justamente ali que eu sinto que faço parte da criação divina, e a minha integração com este meio é tão fantástica, que, quando mergulho, chego a pensar que sou um peixe também.

Amor e seu tempo

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Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Faz de tua vida um poema

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Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.

Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina


quinta-feira, 27 de maio de 2010

Livro bom

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O sinal certo de um bom livro é que ele nos agrada cada vez mais à medida que envelhecemos.
Lichtenberg

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Poderia, mas não fiz



Quem você pensa que é?
perguntou pra mim de queixo em pé...

Sou forte,
fraca,
generosa,
egoísta,
angustiada,
perigosa,
infantil,
astuta,
aflita,
serena,
indecorosa,
inconstante,
persistente,
sensata e corajosa,
como é toda mulher,

poderia ter respondido,
mas não lhe dei essa colher.


 
 
Martha Medeiros

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Entre o planeta e o sem-fim


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta


Cecília Meireles



quinta-feira, 20 de maio de 2010

Motivos para dançar pela sala

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Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco...

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
...
Ao amadurecer, descobrimos que estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados pra consumo externo.

Tenha certeza que as melhores festas acontecem sempre dentro do nosso próprio apartamento.




Martha Medeiros

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Palavras de Seda



Com delicadeza
abrir as gavetas
que guardam
as palavras de seda.
Deixá-las sempre
ao alcance
de um sopro,
prontas para o vôo,
para o ouvido,
para a boca.

Palavras de seda
são como borboletas
douradas
quando pousam
no coração do outro.

Roseana Murray

terça-feira, 18 de maio de 2010

Curiosidade cultural - a menina que roubava livros

Quando a mulher do prefeito permite que a menina entre em sua biblioteca, é um dos vários momentos mágicos deste livro:

Era uma das coisas mais lindas que Liesel Meminger já tinha visto.
Deslumbrada ela sorriu
A existência de uma sala daquelas!
[...]
A sala foi encolhendo sem parar, até que a menina que roubava livros pôde tocar nas estantes, a poucos passinhos de distância. Correu o dorso da mão pela primeira prateleira, ouvindo o arrastar de suas unhas deslizar pela espinha dorsal de cada livro. Soava como um instrumento, ou como as notas de pés em correria. Ela usou as duas mão. Passou-as correndo. Uma estante colada em outra. E riu... e, quando enfim parou e ficou postada no meio do cômodo, passou vários minutos olhando das estantes para os dedos, e de novo para as prateleiras.
Em quantos livros tinha tocado?
Quantos havia sentido?
Andou até o começo e fez tudo de novo, dessa vez muito mais devagar... Parecia magia, parecia beleza...


A menina que roubava livros
Autor: Markus Zusak

sábado, 15 de maio de 2010

Casas que emburrecem


Quando eu estava grávida, no dia em que fui fazer minha primeira ultrassom, o consultório médico ficava próximo a igreja matriz, e havia uma feira de livros infantis na pracinha da igreja. Pois bem, meu primeiro presente ao meu bebê foi um livrinho de pano. Minha maior contribuição para a educação do meu filho foi ter mostrado a ele meu amor pelos livros. E mais tarde, quando ele compartilhava comigo suas aulas de literatura, ensinou-me a admirar a beleza da poesia.
Desde muito pequeno eu costumava levá-lo a minha livraria preferida e a cada visita ficavamos um tempo considerável folheando livros e mais livros, e eu ficava observando encantada aquele "toquinho de gente" sentadinho na mesinha com cadeiras próprias para grandes leitores de sua idade.

E tal como Rubem Alves incentiva em sua crônica Casas que Emburrecem, nossa casa era um verdadeiro laboratório para as descobertas do nosso filhote.

"... há casas que emburrecem e há casas onde a inteligência pode florescer.
Os livros precisam estar ao alcance das mãos. Em todo lugar. Na sala, no banheiro, na cozinha, no quarto. Muito útil é uma pequena estante na frente da privada, com livros de leitura rápida. É preciso que as crianças e os jovens aprendam que livros são mundos pelos quais se fazem excursões deliciosas. Claro! Para isso é preciso que haja guias!"

Tenho a certeza de que fizemos de nossa casa um espaço fascinante para nosso pequenino, e hoje orgulho-me de vê-lo tornando-se um homem admirável.

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

O tempo


Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra.


Mário Lago


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Jardins II


Sempre fui louco por jardins. Uns acham que eu não acredito em Deus. Como não acreditar em Deus se há jardins? Um jardim é a face visível de Deus. E essa face me basta. Não tenho necessidade de ir olhar atrás das estrelas...


Rubem Alves - Livro sem fim

Jardins


Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles...



Rubens Alves

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Gotinha de humor - A princesa e a rã


Era uma vez... Numa terra muito distante... Uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.

Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico... Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.

Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...

Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!


Autor: Luis Fernando Veríssimo
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terça-feira, 4 de maio de 2010

Dupla delícia

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Dupla delícia - O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.



Mário Quintana

domingo, 2 de maio de 2010

O que são os dias

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Os dias não se descartam nem se somam, são abelhas
que arderam de doçura ou enfureceram o aguilhão:
o certame continua, vão e vêm as viagens do mel à dor.

Não, não se desfia a rede dos anos: não há rede.
não caem gota a gota de um rio: não há rio.

O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a ação, nem o silêncio, nem a virtude:
a vida foi como uma pedra, um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou ativa, um metal
que subiu e desceu queimando em teus ossos.


Poema XVIII de Pablo Neruda


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