domingo, 2 de maio de 2010

O que são os dias

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Os dias não se descartam nem se somam, são abelhas
que arderam de doçura ou enfureceram o aguilhão:
o certame continua, vão e vêm as viagens do mel à dor.

Não, não se desfia a rede dos anos: não há rede.
não caem gota a gota de um rio: não há rio.

O sonho não divide a vida em duas metades,
nem a ação, nem o silêncio, nem a virtude:
a vida foi como uma pedra, um só movimento,
uma única fogueira que reverberou na folhagem,
uma flecha, uma só, lenta ou ativa, um metal
que subiu e desceu queimando em teus ossos.


Poema XVIII de Pablo Neruda


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