sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Eu sonho...

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Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Quem é você?

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Quem está ai do outro lado?
Qual a cor do seu perfume?
Quais os sons de seus desejos?
De onde vem o cheiro da sua roupa?
O que seu rosto diz enquanto dorme?
Seus olhos brilham mais se você canta?
E o que você mais sonha acordada?


Que música lhe traz mais alegria?
Qual a maior metáfora da sua vida?
Diante da surpresa, suspira ou gargalha?
Do que você tem medo quando chora?
Você se arrepia se sussurram em seu ouvido?
Onde está sua mais doce mania?
E o que você mais diz quando calada?

Para onde você foge ao sentir medo?
Como se acalma quando assusta?
Seus sonhos de criança têm orquestra e realejo?
Ao dançar você aperta seu parceiro?
Onde está o baú com seus segredos?
Como você reage se espera e não vem nada?
Qual fruta melhor traduz seu beijo?


http://poemasdeandreluis.blogspot.com/

Valsando com Oswaldo Montenegro

Bandolins














Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...

Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...

Música de Oswaldo Montenegro

Valsando com Casimiro de Abreu


Segredos


Oh! Ontem no baile com ela valsando
Senti as delicias dos anjos do céu!
Na dança ligeira qual silfo voando
Caiu-lhe do rosto seu cândido véu!

- Que noite e que baile! – Seu hálito virgem
Queimava-me as faces no louco valsar,
As falas sentidas, que os olhos falavam,
Não quero, não posso, não devo contar!



Depois indolente firmou-se em meu braço,
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Inda era mais bela rendida ao cansaço,
Morrendo de amores em tal languidez!

- Que noite e que festa! E que lânguido rosto
Banhado ao reflexo do branco luar!
A neve do colo e as ondas dos seios
Não quero, não posso, não devo contar!

.......................................................

Trememos de medo... a boca emudece
Mas sentem-se os pulos do meu coração!
Seu seio nevado de amor se intumesce
E os lábios se tocam no ardor da paixão!

- Depois... mas já vejo que vós, meus senhores,
Com fina malícia quereis me enganar;
Aqui faço ponto; - segredos de amores
Não quero, Não posso, não devo contar!



Imagem: Renoir

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um bom poema

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Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente, e não a gente a ele!
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ou isto ou aquilo

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Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.


É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.


Imagem: Katogi

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

É preciso não esquecer nada

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É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
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Imagem: Caia Koopman

Que é simpatia

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Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.

Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.

Simpatia - meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'agosto
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é quase amor!
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Seicentos e Sessenta e Seis

A vida é uns deveres que nós trouxemos
para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre, sempre em frente ...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.




Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo) - Imagem: the persistence of memory (1931) Salvador Dali

Versos Íntimos














Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!



Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera


Toma um fósforo, acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
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Poema de Augusto dos Anjos
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Basta começar...


Eu nunca olho para as massas como sendo de minha
responsabilidade.Eu olho para o indivíduo. Eu só posso
amar uma pessoa de cada vez.
Só posso alimentar uma pessoa de cada vez. Somente
uma, só uma... Assim você começa - eu começo.
Eu curei uma pessoa - talvez, se eu não tivesse curado
essa única pessoa, eu não teria curado quarenta e duas mil.
Todo esse trabalho não passa de uma gota no oceano.
Mas, se eu não tivesse colocado essa gota, o oceano estaria
com uma gota a menos. O mesmo acontece com você,
com a sua família, com a comunidade onde você vive.
Basta começar... uma, mais uma e mais uma.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Se eu falasse a lingua dos anjos













Ainda que eu falasse a lingua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha toda a fé, a ponto de transportar os montes, se não tivesse amor, eu nada seria.

1 Coríntios 13:1-2

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Não me entendo

 








O que sinto eu não ajo. O que ajo não penso.
O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro. Não me entendo
e ajo como se me entendesse.
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Imagem: Magritt

Tempo de travessia


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não tenho medo










Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem das grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Eu te amo

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Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
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Ismália

 








E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens
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