sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ser possível?


É que só sei ser impossível, não sei mais nada.
 Que é que faço para conseguir ser possível?



Clarice Lispector



quarta-feira, 28 de julho de 2010

E se tudo isso acontecer...


Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar


Autor: Victor Hugo
Imagem: weheartit

terça-feira, 27 de julho de 2010

Tudo vale a pena se a alma não é pequena


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Há palavras que nos beijam



Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Autor: Alexandre O'Neill - poeta português

sábado, 24 de julho de 2010

Além de um amor feinho... A pessoa errada


Adorei o texto do Luis Fernando Veríssimo, e ví que além de um amor feinho (como disse Adélia Prado) , é muito interessante ter ao seu lado a pessoa errada:

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia
e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.

Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas,
faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.

Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
que é pra na hora que vocês se encontrarem
a entrega ser muito mais verdadeira.

A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você.
Vai estar o tempo todo pensando em você.

A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa.
Nada aqui é certo!
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...



Autoria: Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 22 de julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Razão e loucura

!


Há sempre o seu quê de loucura no amor, mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.
E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.



Nietzsche - Assim falou Zaratustra
(Do ler e escrever)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um girassol se apropriou de Deus

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Um girassol se apropriou de Deus: foi em Van Gogh.

Manoel de Barros


Doze girassóis numa jarra

Vincent van Gogh, agosto de 1888
óleo em tela 91 × 72 cm
Neue Pinakothek, Munique


Doze girassóis numa jarra é considerada uma das melhores e mais famosas obras do pintor holandês Vincent van Gogh. Tal sucesso e reconhecimento contrastam com a vida do seu autor, que sempre viveu à margem da sociedade. Após a sua chegada ao sul de França, estabelecendo-se em Arles, Van Gogh "descobre" o sentido da cor e da luz, e é neste período que a sua obra sofre a chamada "explosão da cor". Doze Girassóis numa Jarra pode ser considerado o culminar de todo este efeito em sua obra.

Ao todo, Van Gogh pintou sete telas de girassóis:









Fonte: wikipedia

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A desilusão de um quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia" quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
 
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
(...)
 
 
Quase - autoria de  Sara Westphal
Imagem: DDIART

terça-feira, 13 de julho de 2010

Esta vida...


Esta vida é uma viagem
    pena eu estar
        só de passagem
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Autor: Paulo Leminski
Imagem: Weheartit

domingo, 11 de julho de 2010

Mania de explicação



Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?
Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.



Texto: Adriana Falcão
Imagem: Helga Rodrigues

Amizade


Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.



Texto: Adriana Falcão - Mania de explicação 
Imagem: weheartit
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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fogueira de livros - o desfecho


Sobre a foqueira de livros que a editora Ediouro pretendia fazer com os livros da escritora Roseana Murray, a situação teve um final feliz. Lourdes diretora de uma escola Municipal em Duque de Caxias-RJ e o Secretário de Leitura da Secretaria da Educação daquele Municipio, já estão com os  livros Todas as Cores Dentro do Branco (são mais de mil exemplares).
A Secretaria de Educação de Duque de Caxias irá distribuir os livros pelas escolas. A escola por sua vez, criou uma Sala de Leitura com o nome da Roseana Murray, e os jovens e as crianças daquela escola terão um cantinho mágico para se aventurarem no maravilhoso universo da leitura.
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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Passeio de balão em Luxor - Egito, inesquecível


Em julho de 2008 realizei um sonho. Fizemos uma viagem ao Egito e dentre todas as experiências incríveis que tivemos, houve em especial um passeio de balão, sobrevoando a cidade de Luxor e o deserto.


O passeio começa as 5 horas da manhã, com um chá a bordo da Feluca (barco típico)


Ter visto o nascer do sol, com meus dois amores, as margens do Rio Nilo, foi poesia pura!


Atravessamos o Rio Nilo, e a emoção foi crescendo, pois já podiamos avistar os outros balões.


Sobrevoamos o Colosso de Memnon, duas estátuas gigantescas do Faraó Amenhotep III, elas guardavam a entrada do templo do faraó. O templo foi totalmente destruido pelas enchentes do Nilo.


Do alto pode-se observar melhor o processo de irrigação e das plantações.


A paisagem é belíssima e há o incrível contraste entre o deserto e as verdes margens do Rio Nilo.


Dá um certo medinho, o fogaréu fica sobre sua cabeça. Ainda bem que eu estava de chapéu.


Que visão magnífica!



Eu quero mais...


Fotos tiradas por nós, usamos uma Canon - Power Shot A650.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Palavras ao vento


Para bebê, colo de mãe.
Para mãe, riso de filho.

Para os cabelos, vento.
Para chuva, pára-brisa.
Para brisa, rede.

Para os olhos, paraísos.
Para isolados, visita.
Para visita, atenção.

Para teimosia, não.
Para adolescente, chão.
Para adulto, ser criança.

Para sobreviver, trabalho.
Para trabalho, pagamento.
Para pobreza, justiça.

Para cima, elevador.
Para baixo, tobogã.

Para casados, liberdade.
Para solteiros, companhia.
Para companhia, uma boa pessoa.
Para pessoas em geral, alegria.

Para coisas, nomes.
Para menina, cor-de-rosa.
Para flor, um regador.

Para dor, anestesia.
Para prazer, suspiros.

Para as mãos, apertos.
Para os pés, descanso.

Para o cansaço, sono.
Para mertiolate, sopro.

Para agonia, calma.
Para a alma, céu.

Para um corpo, outro.
Para a boca, beijo.

E comida para todos.



por Adriana Falcão - Pequeno dicionário de palavras ao vento

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fogueira de livros

A escritora Roseana Murray postou em seu blog:

FOGUEIRA DE LIVROS

Conseguí um distrato com a editora Ediouro para o meu livro Todas as Cores Dentro do Branco . Eles me disseram que queimariam o estoque. Perguntei se não poderiam doar para escolas, bibliotecas,comunidades... disseram que não, saía muito caro, preferiam queimar mesmo.

Escrevi para Lourdes, a diretora de uma Escola Municipal em Duque de Caxias e ela se organizou para buscar os livros. Depois de semanas de burocracia hoje foram buscar os livros em Xerém. Salvei meus livros da fogueira. Estarão onde precisam estar: nas mãos e nos corações das crianças.

Fogueira de livros nos remete a um passado vergonhoso. Antes os livros eram queimados pelo perigo que suas idéias traziam. Hoje uma editora queima livros para não ter prejuízo.



Fonte: Roseana Murray
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