domingo, 20 de setembro de 2009

Madrigal melancólico


O que eu adoro em ti
Não é sua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si.
Mas pelo que há nela de fragilidade e incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência
Mas é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como o teu próprio momento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
##
#
Imagem do filme: Diário de uma paixão

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...