sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Um dia serei eu




Em todos os jardins hei-de florir,
 Em todos beberei a lua cheia,
 Quando enfim no meu fim eu possuir
 Todas as praias onde o mar ondeia.
 Um dia serei eu o mar e a areia,...
A tudo quanto existe me hei-de unir,
 E o meu sangue arrasta em cada veia
 Esse abraço que um dia se há-de abrir.
  Então receberei no meu desejo
 Todo o fogo que habita na floresta
 Conhecido por mim como num beijo.
 Então serei o ritmo das paisagens,
 A secreta abundância dessa festa
 Que eu via prometida nas imagens.
 
 
 Sophia de Mello Breyner Andresen

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