terça-feira, 31 de agosto de 2010

Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém,
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão;
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte delira

Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte se espanta

Uma parte de mim
é permante;
outra parte
se sabe de repente

Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Obs: Este poema me fez lembrar minha amiga Madá, querida e intraduzível que assim se apresenta em seu Linguagem, imagem, bobagem: "No dia em que eu conseguir me definir... Terei eu deixado de brincar com as palavras.".


Poema de Ferreira Gullar

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dia Branco


Se você vier
Pro que der e vier comigo
Te prometo o Sol
Se hoje o Sol sair
Ou a chuva
Se a chuva cair

Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar
Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto, esse canto de amor
Se você quiser e vier
Pro que der e vier comigo
                             [...]

  
Dia Branco
Composição: Geraldo Azevedo e Renato Rocha

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.

Roseana Murray

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sabor sem fim


Vislumbro este sonho em meu jardim.
 No inicio de cada estação renova-se a coleção,
 e a cada "fruto" sorvido um novo sabor sem fim.
                                                  







segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pescar luz caida



Se cada dia cai dentro de cada noite,
há um poço onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira do poço da sombra
e pescar luz caída com paciência.

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pensei seriamente


Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei
realmente a sério. É que tem mais chão nos meus olhos
do que cansaço nas minhas pernas,
mais esperança nos meus passos
do que tristeza nos meus ombros,
mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça
.
Cora Coralina

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Continuo achando graça



Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores.




Zélia Gattai

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Karol Meyer - nossa maior recordista de Apnéia

Graças à atleta Karoline Meyer o Brasil se mantém há mais de 12 anos entre os melhores do mundo no mergulho em apnéia, modalidade em que o mergulho é feito sem o auxílio de equipamentos de respiração subaquática



Um pouco da história desta atleta incrível:

Em julho de 2009 Karol se insere no Guinness World Records, na categoria feminina static apnea with oxigen (apneia estática com preparação de oxigênio), com incríveis 18 minutos, 32 segundos e 59 décimos. Sua performance ultrapassou em 30 segundos a marca mundial masculina na categoria, tão disputada entre os feras na modalidade: David Blane (USA), Tom Sietas (Alemanha) e Gianluca Genoni (Itália).


Patrick Musimu e Karol Meyer

Em maio de 2010, Karol Meyer e Patrick Musimu bateram novos recordes mundiais no No Limits Tandem de 121metros de profundidade em Apnéia. O recorde foi quebrado durante o "Buddy Dive Freediving Event 2010", na ilha de Bonaire, Caribe.






Em junho de 2010 Karol realizou mais um façanha, e conquistou o sétimo recorde mundial em sua carreira, desta vez numa das modalidades mais antigas de mergulho livre, a "skandalopetra" (mergulho somente com uma pedra presa à uma cabo, sem roupa de neoprene, nem máscara, nem nadadeiras, no mesmo estilo dos antigos pescadores de esponja gregos).


No Skandalopetra, Karol mergulhou sem nenhum equipamento ou roupa de mergulho, segurando uma pedra de 12 quilos, e deslizando para atingir o novo recorde mundial feminino na modalidade com a marca de 61,5 metros em 1′48″, ultrapassando a marca anterior não somente em profundidade mas também no tempo total do mergulho.

Karol Meyer

"Para mergulhar é preciso mais do que pulmão, é preciso coração e espírito abertos!"
Karoline Meyer


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mergulho em Apnéia

O mergulho livre, ou mergulho em apnéia, ou simplesmente apnéia, é feito sem o auxílio de equipamentos de respiração subaquática. De uma forma muito simples, é quando prendemos a respiração e mergulhamos na água. Praticado há milênios, vem evoluindo bastante nos últimos anos, arrebanhando cada vez mais adeptos.

Modalidades esportivas do Mergulho Livre

O mergulho livre quando praticado de forma desportiva, organizado em torneios, campeonatos individuais ou em equipes, ou para tentativas de recordes locais, regionais ou mundiais, é dividido em 6 modalidades distintas, sendo 4 esportivas e 2 apenas para recordes, como veremos a seguir.


Atleta: Carol Schrappe
APNÉIA ESTÁTICA

Consiste em ficar o máximo de tempo sem respirar, normalmente na superfície (alguns poucos atletas a praticam no fundo), sempre estático (sem movimentação) e normalmente em piscina.

Pode ser considerada como uma modalidade padrão, além de uma das mais importantes, pois normalmente as competições esportivas são um combinado de Apnéia Estática mais uma ou duas modalidades. Além disso, é a base de treinamento para o atleta se desenvolver bem nesta e em outras categorias, já que todas são em suspensão voluntária da respiração.




Atleta: Carol Schrappe

APNÉIA DINÂMICA

Nesta modalidade o apneísta percorre a maior distância horizontal. Normalmente é praticada em piscina, no mínimo semi-olímpica (25m).
Em competições normalmente é conjugada com as modalidades de Apnéia Estática e o Lastro Constante. É praticada em duas sub-modalidades: com e sem nadadeiras.

Atleta: Carol Schrappe
LASTRO CONSTANTE

Considerada por muitos atletas de alto nível como a modalidade mais importante (e na verdade, uma das que estes mesmos atletas mais apreciam). Consiste em descer a maior profundidade possível, sem o auxílio de nenhum equipamento para a descida ou subida, usando seus próprios esforços.

É chamada de lastro constante porque o mesmo peso escolhido pelo atleta para a descida tem de ser utilizado para sua subida. A descida e a subida são realizadas junto a um cabo, porém, o atleta não pode tocá-lo. Também é praticada em duas sub-modalidades: com e sem nadadeiras.



Atleta: Doc Lopez

IMERSÃO LIVRE

A forma mais pura de se praticar a apnéia, pois o atleta não utiliza nadadeiras, descendo e subindo usando os braços junto ao cabo (ao contrário do lastro constante sem nadadeiras, que não se pode utiliza-lo).

A maioria dos atletas desce de ponta cabeça, enquanto alguns preferem descer na posição "em pé".







Atleta Loïc Leferme
LASTRO VARIÁVEL

Nesta modalidade usa-se um lastro - chamado de sledge - para a descida, que vai preso ao cabo. O mesmo contém um freio que é acionado no fundo pelo atleta, quando atinge a profundidade desejada.

No retorno, o atleta tem de subir usando a nadadeira, sem poder se apoiar ou usar o cabo para a subida.








Atleta: Steve Trulia
NO LIMITS


Esta categoria não é mais praticada em competições esportivas, mas sim para tentativas de recordes.

O mergulhador usa o sledge para a descida, e chegando a profundidade desejada, é "ejectado" para cima através do acionamento de um balão de gás.
A descida e a subida são feitas de forma muito rápida, e o atleta, que não realiza esforço físico durante o trajeto, tenta buscar profundidades cada vez maiores. O grande "ponto" aqui é a adaptação a pressão e a grande variação pela qual o atleta tem de passar.




Conheça mais sobre o esporte visitando o site da atleta Carol Schrappe


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Teus olhos são meus livros

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

 
Machado de Assis




quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pintar com palavras...



                                                                                                                                                                                                                                    
No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério, arranjei, sem nenhuma premeditação, este derivativo de literatura, e nada mais tenho feito senão pintar com palavras.



Monteiro Lobato
Carta a Godofredo Rangel, Areias, 6/7/1909.

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mulheres... sob o olhar de Manuel Bandeira


Como as mulheres são lindas! Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha.

Como deve ser bom gostar de uma feia!
O meu amor porém não tem bondade alguma.
É fraco! fraco!
Meu Deus, eu amo como as criancinhas...
És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
(No tempo em que pensava que os ladrões moravam no
[morro atrás de casa e tinham cara de pau).

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Desejo que desejes

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Assim como todos os desejos expressos por Victor Hugo, desejo que desejes todas as palavras de Martha Medeiros:


Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido,
desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas,
mas viáveis, que desejes coisas simples como um suco gelado
depois de correr ou um abraço ao chegar em casa,
desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados.

Mas desejo também que desejes com audácia,
que desejes uns sonhos descabidos
e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração,
mas os mantenha acesos, livres de frustração,
desejes com fantasia e atrevimento,
estando alerta para as casualidades e os milagres,
para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.
...
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