sábado, 31 de março de 2012

Sem saudades de mim



Não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim.




Martha Medeiros

terça-feira, 27 de março de 2012

Seja breve... Seja leve



Que o breve
seja de um longo pensar

Que o longo
seja de um curto sentir

Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve.



Alice Ruiz


segunda-feira, 26 de março de 2012

Músicas que me habitam


Então a vida é uma
dança de fogo
com a nossa sombra?
Sentimentos explodem,
um incêndio a cada passo.
como entrelaçar
todas as músicas
que me habitam?




Roseana Murray
Poemas para ler na escola

domingo, 25 de março de 2012

Questão de fé




Não é raro, tropeço e caio. Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho. Claro que dói, mas tem uma coisa: a minha fé continua em pé.



Caio Fernando Abreu
in Pequenas Epifanias


sexta-feira, 23 de março de 2012

Chorei mesmo!!!



Chorei porque não era mais uma criança com a fé cega de criança.
 Chorei porque não podia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi a minha dor e ainda não estou acostumada com a ausência dela.




Anaïs Nin


quarta-feira, 21 de março de 2012

O Menino Que Carregava Água Na Peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos.
gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.




O Menino Que Carregava Água Na Peneira
Manoel de Barros

terça-feira, 20 de março de 2012

Caminhar em nuvens









Caminhar em nuvens
é o mais lento
e duro aprendizado:
há que esquecer
todo o peso
terrestre
e transformar pedras
em luz,
palavras em estrelas.

Caminhar em nuvens
é árduo ofício:
há que pintar as mãos
e os gestos de azul
e oferecer ao outro
o mapa da delicadeza.

 
Roseana Murray
Nuvens - Manual da Delicadeza de A a Z

domingo, 11 de março de 2012

Fumo leve que foge entre meus dedos!...

FUMO - Poema de Florbela Espanca, brilhantemente cantado por Fagner. Duas estrelas de quinta grandeza... E suas obras-primas!



Longe de ti são ermos os caminhos
Longe de ti não há luar nem rosas
Longe de ti há noites silenciosas
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E é ele, ó meu amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre meus dedos!...



 

terça-feira, 6 de março de 2012

Renda-se...




Renda-se como eu me rendi. Mergulhe de cabeça no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.



Clarice Lispector


segunda-feira, 5 de março de 2012

Amor e ódio


Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti.
Mas viver sem amor acho impossível.



Jorge Luis Borges

sexta-feira, 2 de março de 2012

A vida quis assim


Me fale das andanças ex amor
Dos melhores momentos que passou
Me fale que vou te falar dos meus
Eu tenho todo tempo pra ouvir
Os melhores momentos que eu vivi
São todos que passei ao lado teu.
Mas se você quiser não vou lembrar,
Pra não te constranger
Me ver chorar
A gente fala então do que virá
Eu tenho toda vida pela frente
E vou viver da forma mais urgente
Quem sabe um dia eu pare de te amar.
E mesmo que isso possa acontecer
Eu vou sentir saudade de você
Que culpa pode ter o coração
Que pena que a vida quis assim
Você viver feliz longe de mim
A dor rindo da minha solidão...

Se alguém vier pedir o meu conselho
A gente não aprende no espelho
A gente vive e sofre pra aprender
Cada amor é tanto e diferente
A vida insiste em dar esse presente
Comece o dia amando mais você!

E mesmo que isso possa acontecer e
Eu vou sentir saudade de você
Que culpa pode ter o coração
Que pena que a vida quis assim
Você viver feliz linge de mim
A dor rindo da minha solidão


Apesar de



Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida.




Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'

quinta-feira, 1 de março de 2012

Receita de andar sem rumo



o vento como guia
suba montanha acima
siga a música do rio
pedra por pedra
dia por dia
perca o rumo e o fio
deixe que o coração
cante as horas
arrume a noite e o sol






Mais receitinhas da Roseana Murray  aqui

 E visite o site da escritora aqui

Curiosidade Cultural - Giclees


Técnica de reprodução Gicless



Enxuta

Film Festival


Giclée é uma palavra de origem francesa, que significa pulverizado, jateado. Foi adotada no meio artístico internacional como nome dessa nova técnica de impressão, tanto em tela (Giclée on canvas) como em papel (Giclée on paper).

A partir da criação de um arquivo digital de altíssima resolução, o (a) artista passa, então, a trabalhar junto com a editora na correção e ajuste de cores até a aprovação da matriz final.

O equipamento usado é uma impressora de última geração que jateia cerca de 4 milhões de gotículas de tinta por segundo e proporciona uma gama de 16 milhões de cores, fornecendo a maior fidelidade à obra original. Nenhuma técnica de reprodução existente hoje atinge tamanha definição e qualidade.

As edições são limitadas, numeradas e assinadas pelo (a) artista, sendo emitidos certificados de autenticidade, garantindo a origem da obra.





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