Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade
não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que
não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim
perpetuamente me ponta traições de alma
a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo...
Fernando Pessoa
Um comentário:
Adoro Fernando Pessoa. Não me caso de (re)ler esse poema. E toda vez que leio me pergunto: Quem sou "eus"?...rsrsrs
Ainda bem que eu(s) tenho você(s) por perto...
Feliz! Feliz! Madá.
Postar um comentário