Mestre, são plácidasTodas as horasQue nós perdemos,Se no perdê-las,Qual numa jarra,Nós pomos flores.
Não há tristezasNem alegriasNa nossa vida.Assim saibamos,Sábios incautos,Não a viver,
Mas decorrê-la,Tranqüilos, plácidos,Lendo as criançasPor nossas mestras,E os olhos cheiosDe Natureza…
À beira-rio,À beira-estrada,Conforme calha,Sempre no mesmoLeve descansoDe estar vivendo.
O tempo passa,Não nos diz nada.Envelhecemos.Saibamos, quaseMaliciosos,Sentir-nos ir.
Não vale a penaFazer um gesto.Não se resisteAo deus atrozQue os próprios filhosDevora sempre.
Colhamos flores.Molhemos levesAs nossas mãosNos rios calmos,Para aprendermosCalma também.
Girassóis sempreFitando o sol,Da vida iremosTranqüilos, tendoNem o remorsoDe ter vivido.
Mestre
Ricardo Reis
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