terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Perdão e a Promessa


Se não fôssemos perdoados, eximidos das conseqüências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas conseqüências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço.

Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos.

Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma.


Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'

Um comentário:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Elayne. Amei este texto de Hannah Arendt. Na solidão e no isolamento só há espaço para uma pessoa.
Adorei a sua visita ao meu blog. Você andava sumida!!! A foto realmente ficou linda. Beijos.

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