domingo, 1 de março de 2009

A dor que dói mais

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Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
[...]
Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
[...]
Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos,
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento,
não saber como frear as lágrimas diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche

Saudade é não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer.
É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer.
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
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2 comentários:

Rosa Amarela disse...

Lindo o texto.. Saudade do filho que está distante... Essa dói fundo...Mas sabemos que ela vai passar, porque os filhos sempre voltam.
Lindo mesmo

Elayne Gemignani disse...

Rosamélia,
Como é bom termos com quem dividir um pouquinho da nossa saudade. É obvio que "criamos nossos filhos para o mundo" etc..etc...etc (quantas frases feitas para justificar as partidas) mas como não sentir esse aperto no coração ao vê-los seguindo seus próprios caminhos? é um misto de orgulho e aflição...parece até que esquecemos que fizemos também assim.
A verdade é uma só: Mãe é tudo igual...Só muda o endereço!
Abraços

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